sexta-feira, junho 17, 2011

Saúde - para os defensores da privatização ou não...

Imagine então, por minutos, que já não é português, mas norte-americano, e que está doente. A sua primeira sensação é de contentamento, pois imagina-se cidadão do país onde existem os melhores e mais bem equipados hospitais, os médicos mais bem treinados e a última palavra em tratamentos e técnicas. Great!, pensará para si. Contudo, em breve verá que o sonho não passará daqui, porque o acesso a tais maravilhas é «reservado» aos americanos que têm um seguro de saúde ou um health plan(...).
Num estudo revelado em Janeiro passado (www.cdc.gov/nchs/nhis.htm.) estima-se que existam 42,3 milhões de americanos sem seguro de saúde, o que significa que, salvo numa emergência e se forem muito pobres (e o puderem provar), todas estas pessoas vão ter de pagar do seu bolso os cuidados de saúde e medicamentos de que precisarem.(...)
E o que é que fazem as pessoas que ficam doentes sem terem seguro de saúde? Segundo Patricia Roche, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, «basicamente, as opções são três:
  • usar as suas poupanças e pagar do seu bolso,
  • pedir um empréstimo, o que tem sempre a desvantagem de atrasar os cuidados, pois é raro aceitar-se tratar alguém aqui sem ‘dinheiro à vista’
  •  ou então prescindir de outros bens para pagar a conta do médico ou do hospital.
Qualquer doença que requeira cuidados continuados, análises e exames, bem como medicamentos, facilmente esgota os recursos financeiros de uma família.» Deixar de ir ao supermercado durante uns tempos e passar a ir aos «bancos alimentares» (food banks), os quais não cessam de aumentar nos últimos tempos nos EUA, é algo que acontece frequentemente a quem não tem seguro de saúde e teve o azar de ter ficado doente.(...).


Para nos convencermos disso basta, de vez em quando, imaginarmos, por minutos, que somos americanos, sem health plan, com um salário que mal paga as contas, e que, de repente, acordamos numa cama de hospital, gravemente doentes, com uma conta de milhares de dólares para pagar. E... pasme-se, acordamos, respiramos fundo, aliviados, porque, afinal, SOMOS PORTUGUESES.

Trechos de Tema de Reflexão - Paula Lobato Faria - "A crise do corporate welfare nos EUA ou o alívio de ter um Serviço Nacional de Saúde."

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